Casos reais que marcaram pela crueldade de seus atores, pelo número de vítimas ou pela negligência nas investigações, motivo que levou alguns desses à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Buscaremos trazer, sempre que possível, dados processuais relacionados aos fatos, possibilitando, assim, conhecer os procedimentos processuais realizados.
Dia
01 de novembro de 2010, segunda-feira. Camila Evangelista da
Conceição, 7 anos (alguns veículos informam 9 anos), é encontrada
morta e nua na Ladeira Madre de Deus, próximo à rua Camerino, por
volta das 7h30, coberto com um lençol branco e sob sacos de lixo.
Estava desaparecida desde a noite de domingo, quando brincava na rua
Coronel Audomaro Costa, Cajueiro, no Morro da Providência, onde
morava com os pais e irmãos.
Na
manhã do dia 02 de novembro, é preso o marceneiro Jonas Marcolino
da Silva, 35 anos, ao voltar para a pensão onde morava, na rua
Coronel Audomaro Costa, 121, na zona portuária... confessou aos
policiais ter aliciado a menina a fazer sexo oral com ele em troca de
R$20 e, ao estuprar Camila, a matou com uma faca de serra porque ela
gritou. A identificação do assassino ocorreu porque câmeras de
empresas e hotéis das imediações capturaram a imagem de Jonas
carregando uma caixa de isopor e deixando no local o corpo de Camila
enrolado em um lençol branco.
Segundo
vizinhos, ele é de Governador Valadares, Minas Gerais, e alugava um
dos quartos há cerca de um mês. Tentou eliminar pistas do
assassinato de Camila, mas ainda encontraram diversas manchas de
sangue, identificadas pelo uso do Luminol.
A
caixa de isopor utilizada para levar o corpo de Camila foi encontrada
no interior do quarto de Jonas... ao saberem da presença de Jonas na
delegacia, dezenas de moradores desceram o morro com a intenção
invadir a 4ªDP e linchá-lo, sendo necessário fechar os portões da
delegacia.
Na
época, cogitou-se a possibilidade de ele também ter estuprado e
assassinado a menina Raíssa de Sousa Silva, 9 anos, cujo corpo foi
encontrado atrás dos jardins do Museu de Arte Moderna, no carnaval
de 2010. A menina era filha de uma vendedora ambulante, que residia
em um prédio abandonado do INSS na rua do Riachuelo, em frente à
Caixa Econômica Federal, próximo aos Arcos da Lapa; seu pai, o
pedreiro Rafael Claudino da Silva, morador de São Gonçalo. Das
investigações, só sabiam que a menina Raíssa teria sido seduzida
por um homem negro que prometeu lhe comprar uma tiara... câmeras da
CET RIO e de prédios comerciais capturaram imagens da menina na
companhia de um homem negro.
No
entanto, na madrugada do sábado, dia 06 de novembro de 2010, Jonas
foi encontrado MORTO na cela do Presídio Ary Franco, em Água
Santa... a morte ocorreu por enforcamento com o uso de um lençol. A
Secretaria de Administração Penitenciária não soube (e não deve
ter se interessado até hoje) informar se foi suicídio ou
homicídio... ele não estava sozinho na cela.
Confissão
de Jonas - link para reportagem que contém o vídeo:
Duas
mães, Lúcia Eiko Tanoue e Cléa Parente de Carvalho, se dirigiram à
6ª Delegacia de Polícia, na zona sul de São Paulo e “prestaram
queixa” contra três casais que trabalhavam na Escola de Educação
Infantil Base, localizada no bairro da Aclimação, em São Paulo.
Segundo
as mães, o casal Maria Aparecida Shimada e Icushiro Shimada,
conhecido como Ayres, donos da escola, promovia orgias sexuais com as
crianças na casa de Saulo e Mara, pais de um dos alunos. Também, a
sócia de Maria Aparecida, Paula, e o motorista da kombi, Maurício
Alvarenga, que levava as crianças para casa, estariam envolvidos. O
delegado responsável pelo caso, Edélcio Lemos, encaminhou as
crianças ao IML (pois apresentavam assaduras causadas pela forma de
se sentar e pelo tempo de trocar a fralda) e obteve um mandado de
busca e apreensão para o apartamento de Saulo e Mara.
Como
NADA FOI ENCONTRADO na residência do casal, as mães se “indignaram”
e acionaram a Rede Globo... no final do dia, o IML enviou a seguinte
mensagem, INTERPRETADA pelo delegado Edélcio Lemos:
“Referente
ao laudo n. 6.254/94 do menor F.J.T. Chang, BO 1827/94, informamos
que o resultado do exame é COMPATÍVEL com a prática de atos
libidinosos. Dra. Eliete Pacheco, setor de sexologia, IML, sede.”
Jornal "Notícias Populares"
Bastou...
o delegado deu início a uma série de declarações à mídia, o que
levou a opinião pública a classificar essas seis pessoas – Maria
Aparecida, Ayres, Paula, Maurício, Saulo e Mara – como CULPADOS
por pedofilia. Ademais, como nada de grande impacto estava
acontecendo na época, raros os jornais que não trouxeram a Escola
Base como manchete. Eles foram acusados de drogar os alunos,
fotografá-los nus e de terem feito todo o tipo de perversidades com
as crianças. Foram presos, fotografados, expostos na mídia ANTES de
conclusas as investigações sobre o possível fato criminoso.
O
Jornal Nacional chegou a sugerir o “consumo de drogas” e a
“contaminação pelo vírus da AIDS”, enquanto a Folha da Tarde
noticiava: “Perua carregava crianças para orgia”... o Notícias
Populares estampou em sua capa o título: “kombi era motel na
escolinha do sexo”.
Quando
as primeiras provas de que aquelas seis pessoas eram inocentes
começaram a surgir, o delegado foi afastado e assumiram o seu lugar
Jorge Carrasco e Gérson de Carvalho... uma denúncia anônima levou
a polícia à casa de Richard Harrod, que chegou a ser preso por
suspeita de tráfico de fotos de crianças, entre elas, as da Escola
Base... os menores chegaram a ser levados à casa de Richard para um
possível “reconhecimento do local” e, pelo simples fato da filha
de Cléa ter querido brincar com uma abelhinha de pelúcia que estava
na residência, foi o suficiente para dizerem que ela estaria
identificando o local. Daí, foi um pulo para a imprensa noticiar:
“Alunos
da Escola Base RECONHECEM a casa do americano” (O Estadão) /
“Criança liga americano a abuso de escola” (Folha). No dia 13 de
abril, após a prisão do americano e depois de tanta repercussão,
foi esclarecido que ele SEQUER CONHECIA os “culpados” pelo caso
da Escola Base...
Após
a prisão preventiva de Saulo e Mara, os advogados tiveram acesso ao
laudo do IML e perceberam que o resultado era totalmente
inconclusivo... as cicatrizes no menino poderiam ser tanto de abuso
sexual quanto por uma diarreia forte. Posteriormente, a professora
Lúcia Eiko confirmou que seu filho sofria de CONSTIPAÇÃO
INTESTINAL.
O muro da casa de Maurício e a Escola Base
Começaram
a surgir provas da inocência dos envolvidos... no dia 22 de junho, o
delegado Gérson de Carvalho inocentou todos os envolvidos... e os
jornais começaram suas retratações, focando nas verdadeiras
vítimas do fato. Mas os danos já estavam causados.
Até
hoje, as reais vítimas sofrem com as consequências do crime que SIM
cometeram contra eles: Ayres está com dívidas financeiras, sofre
com problemas emocionais e não consegue dormir à noite, enquanto
sua esposa, Maria Aparecida, teve seu sonho exterminado por falsas
acusações.
Saulo
e Mara Nunes também enfrentam problemas financeiros pela contratação
de advogados... Paula e Maurício Alvarenga se divorciaram. Ele
sofreu com Síndrome do Pânico, tinha medo de sair à rua e, para
encontrar seu advogado, montava esquemas de disfarce por medo de ser
reconhecido. Paula foi morar com suas filhas na casa da mãe, está
60kg acima do peso, sofre de depressão e tem um emprego onde recebe
salário mínimo... nunca mais conseguiu emprego como professora –
ninguém confia em uma suspeita de abuso sexual infantil.
O
delegado Edélcio tornou-se delegado titular e, segundo a fonte desta
notícia, dá aulas na academia de Polícia Civil... Richard Pedicini
se viu livre das acusações mas, ainda sim, se dedicou a provar sua
inocência e angariou inúmeras dívidas financeiras.
As
mães Cléa e Lúcia, aconselhadas pela psicóloga Walquiria Fonseca
Duarte, continuaram com o tratamento psicológico dos seus filhos,
pois, de acordo com a especialista, eles foram realmente vítimas de
abuso sexual – também, se não continuassem a afirmar suas
“suspeitas”, poderiam responder por denunciação caluniosa (art.
339 do nosso código repressor). O feitiço viraria contra o
feiticeiro...
No
dia 28 de março de 2013, o valor da indenização que o Estado de
São Paulo deve aos seis envolvidos estava em R$ 457mil. O decreto
que autorizou a indenização de Paula foi assinado pelo governador
de Mário Covas, em 1999... com o seu falecimento em 2001, o decreto
passou a ser questionado.
Em
primeira instância, uma juíza acolheu o argumento da advocacia do
Estado que afirmava que o decreto apenas significava que Covas havia
mandado verificar se havia débito com alguma vítima da Escola
Base... como a ação foi iniciada em 2004, dez anos após o
incidente, ocorrera a PRESCRIÇÃO e nada mais poderia ser cobrado...
Icushiro
e sua esposa, Maria Aparecida Shimada (falecida em 2007, devido a um
câncer), e Maurício Alvarenga já foram indenizados por vários
meios de comunicação após decisão do STF, mas ainda aguardam o
montante a ser pago pelo Estado. Segundo o advogado, o juiz deu uma
sentença de cem salários mínimos; ao recorrerem, chegou a cem mil
reais cada um, mas o processo chegou ao STJ e a indenização à R$
250mil. Processo no STJ: REsp 351779.
A
Rede Globo foi condenada a pagar cerca de R$ 1,35milhão aos donos e
o motorista da Escola Base, porém, ingressou com recurso... a
decisão da 7ª Câmara de Direito Privado do TJ paulista foi
unânime... segundo os desembargadores “a atuação da imprensa
deve se pautar pelo cuidado na divulgação ou veiculação de fatos
ofensivos à dignidade e aos direitos de cidadania. Em março de
1994, a imprensa publicou reportagens sobre seis pessoas que estariam
envolvidas no abuso sexual de crianças, alunas da Escola Base,
localizada no Bairro da Aclimação, em São Paulo. Jornais,
revistas, emissoras de rádio e tevê basearam-se em “ouvir dizer”
sem investigar o caso. Quando foi descoberto, a escola já havia sido
DEPREDADA, os donos estavam FALIDOS e eram AMEAÇADOS DE MORTE em
telefonemas anônimos.
Esse
caso se tornou referência OBRIGATÓRIA nas discussões a respeito de
ética no jornalismo e poder da mídia, bem como nos cursos de
Direito, nas cadeiras de Constitucional, Penal e Processo Penal.
Fonte:
Casa dos Focas
Notícias
R7
Últimas
notícias
Pragmatismo
Político Vídeo reportagem do Kâmera Libre
No
dia 17 de janeiro de 2009, sábado, por volta das 21h, dois
assaltantes entraram no Pesque e Pague da família Picolo para roubar
o estabelecimento e residência da família rendendo a estudante de
13 anos, Jéssica Picolo, e sua mãe Marilize Kraemer Picolo, de 45
anos. Marilize foi assassinada no local do crime com um golpe de faca
no pescoço, enquanto sua filha foi levada pelos bandidos a um
matagal próximo, estuprada (com extrema violência, segundo a
perícia, pois, sua região vaginal estava dilacerada), estrangulada
e morta com golpes de faca (de acordo com os peritos, sete
perfurações no pescoço e costas).
No
momento do crime, Idelino Picolo, pai de Jéssica, estava ausente
pois, como de costume, foi até o ponto de ônibus buscar a filha
mais velha que trabalhava em Curitiba... foram apenas 20 minutos...
Na
manhã do domingo, 18 de janeiro de 2009, a polícia prendeu dois
suspeitos dos assassinatos: um adolescente de 17 anos, que confessou
o crime e apontou a participação de outro homem, de 36 anos que, na
época, insistiu em afirmar que não teve qualquer participação.
Segundo
a polícia, ambos frequentavam o bar do Pesque-Pague há cerca de um
mês e conheciam a rotina do proprietário. De acordo com o
depoimento do adolescente, ambos decidiram esperar que Idelino saísse
para depois invadir a residência da família e fazer o assalto.
O
homem de 36 anos – que não entendo por quê não teve sua
identidade revelada – entrou na casa portando uma faca e tentou
render Marilizia, que reagiu... recebeu uma facada no pescoço e
morreu na hora. Então, pegaram Jéssica e a obrigaram a levá-los
até o bar do Pesque-Pague, cujo caixa só tinha 60 reais – eles
esperavam encontrar cerca de 5 mil reais... em seguida, levaram a
menina até o local onde trabalhavam, a 2km do Pesque-Pague e
“terminaram o serviço”, pois, ela os conhecia.
Tanto
o adolescente quanto o homem de 36 anos foram reconhecidos por uma
testemunha que os viu no local onde trabalhavam no domingo, às 11h.
O adolescente foi encaminhado para o Serviço de Atendimento Social,
enquanto o homem, oriundo de São Paulo e já tinha passagem por
roubo, foi encaminhado ao Centro de Triagem de Piraquara.
O
corpo de Jéssica foi encontrado no dia 19 de janeiro à tarde, em um
lago em São José dos Pinhais, dentro de uma manilha de 2m de
profundidade que serve de escoadouro ao lado de uma chácara da Rua
Joana Persegona Zen, no Rio Pequeno, atrás de um condomínio onde os
dois acusados trabalhavam como pedreiros. Seu corpo estava vestido
com as roupas do avesso.
Surpreendentemente,
não foi localizado o nome deste homem “misterioso”, de modo que
não foi possível saber a quantas anda este processo – se é que
houve algum. O que sabemos é que eles “responderiam” por
“latrocínio”. Se alguém tiver alguma notícia que possa
cooperar com a história, não se reprima: comente e nos agracie com
mais informações (e espero que sejam as que esperamos ouvir...).
É
uma lástima que um crime tão bárbaro não tenha tido uma resposta
das autoridades...
Dia
12 de junho de 2008. Pedrinho, cinco anos de idade – nascido em 13
de fevereiro de 2003 – foi levado ao hospital Santa Lydia por sua
mãe, Katia Marques, que afirmava ter o menino ingerido um produto
que tira mancha de roupas, Semorin. O menino apresentava parada
cardiorespiratória e não resistiu. No entanto, o laudo apresentou
outras circunstâncias para o óbito do menino.
Pedrinho
tinha hematomas por todo o corpo, possivelmente causadas por pancadas
ou tombos, duas fraturas no punho direito, além de fraturas em ossos
longos, o que causou embolia gordurosa (segundo os médicos, esse
tipo de fratura libera células gordurosas que entram na corrente
sanguínea, se misturando à medula óssea e seguem para os
pulmões... os vasos capilares são obstruídos causando a embolia).
Para
os peritos, o menino teria sido chacoalhado e, durante a ação,
quebrou o punho... essa fratura teria acontecido no dia da morte. Os
hematomas foram causados em dias anteriores. Imediatamente foram
considerados suspeitos a mãe e o padrasto, Juliano Gunello.
Katia Marques e Juliano Gunello
O
pai do menino, o policial militar Odair Rodrigues, via o menino a
cada 15 dias e o considerava uma criança feliz... pelo menos quando
estava em sua companhia. Ao ser perguntado sobre a convivência com a
mãe e o padrasto, o menino se calava. Odair e Katia estavam
separados a cerca de um ano e meio.
Segundo
Odair, os primeiros hematomas no menino apareceram quatro meses
antes, logo após ele pedir transferência do Batalhão de Araraquara
para Ribeirão Preto para poder ficar mais próximo do filho, que
residia com a mãe e o padrasto em Ribeirão. Ele lembra que, ao
comentar com o menino essa decisão, Pedrinho pediu que o pai não
dissesse nada para sua mãe e o padrasto... não entendeu por quê e
o menino não justificava.
Pedrinho e Odair Rodrigues, seu pai.
DADOS
PROCESSUAIS
Processo
n. 0032846-32.2008.8.26.0506 em trâmite na 2ª Vara Criminal do Foro
de Ribeirão Preto, Katia Marques e Juliano Aparecido Gunello foram
inicialmente processados por “lesão corporal”, porém,
condenados inicialmente a cumprir 7 anos de reclusão em regime
inicial semiaberto, mais o pagamento de dez dias-multa, pelo crime de
maus tratos com resultado morte.
Tanto
Ministério Público quanto a Defesa apelaram, sendo não provido o
recurso da Defesa e provido o recurso do Ministério Público, o que
resultou nas seguintes modificações:
1-
Juliano condenado à 10 anos, 10 meses e 10 dias de reclusão;
2-
Kátia Marques condenada à 9 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão.
Ambos
em regime inicial fechado, incursos no artigo 1º, inciso II, §3º,
parte final, e artigo 4º, inciso II da Lei n. 9.455/97.
Leia
o acórdão (link: http://sdrv.ms/1cYsgbe)...
traz os depoimentos de testemunhas, como vizinhos, professora, sobre
o calvário e sofrimento aos quais Pedrinho era submetido.
Este
recurso transitou em julgado, porém, devido a interposição de
Recurso Especial pelo Ministério Público, este trânsito tornou-se
sem efeito... no momento, está em fase de contrarrazões pelo
Procurador-Geral de Justiça.
Fonte:
Ribeirão Online – Site Terra Online
Globo
notícias – Gazeta de Ribeirão (por Sandra Domingues)
Seis
jovens desapareceram no sábado, dia 08 de setembro de 2012, quando
foram tomar banho em uma cachoeira próxima à favela da Chatuba.
Seus corpos foram encontrados na segunda-feira, dia 10 de setembro,
em uma área próxima à Via Dutra, em Jacutinga... posicionados lado
a lado, estavam enrolados em lençóis, nus, amordaçados e com
sinais de facadas e marcas de tiros.
As
vítimas dessa atrocidade, que ganhou notoriedade como a “Chacina
da Chatuba”, são Glauber Siqueira (17), Christian Vieira (19),
Victor Hugo Costa (17), Douglas Ribeiro (17), Josias Searles (16) e
Patrick Machado (16).
Segundo
investigações preliminares, pelo menos 20 traficantes teriam
participado do crime, provavelmente teriam confundido os jovens com
traficantes ou os assassinaram simplesmente por estes morarem em uma
comunidade pertencente à facção criminosa rival. Também seriam
responsáveis pela morte do pastor Alexandro Lima (37), o
desaparecimento de um rapaz que o acompanhava, chamado José Aldecir
da Silva (19) e de um cadete da Polícia Militar – Jorge Augusto de
Souza Alves Júnior.
O
pastor e José Aldecir caminhavam no Parque de Gericinó quando foram
abordados pelos criminosos. Cogita-se a possibilidade de terem sido
assassinados ao desrespeitar a ordem dos traficantes para se
afastarem do local no momento em que executavam o cadete – como
ouviam música, não perceberam o “aviso” dos traficantes.
Segundo
o pai de José Aldecir, seu filho saiu de casa com o pastor para um
passeio e estava em casa quando escutou os tiros que atingiram o
pastor: “Eu saí correndo e perguntei para ele “Alexandre, o que
houve?”... ele olhou para mim e colocou a mão no peito. Tinha um
buraco. Como os bandidos começaram a atirar de novo, eu corri para
chamar os amigos para socorrê-lo, mas quando eu voltei, os caras já
tinham jogado ele no rio.”
O
corpo de seu filho foi encontrado na quinta-feira, dia 13 de
setembro, semienterrado e ao lado de restos mortais em avançado
estado de decomposição, na localidade conhecida como Curral,
próximo ao Parque de Gericinó, entre Mesquita e Nilópolis... foi
reconhecido pela tatuagem e roupas. Sua mulher estava grávida de uma
menina, que nasceria alguns dias depois.
De
acordo com os investigadores, o cadete Jorge saíra de uma casa de
show em Mesquita com uma garota que tinha acabado de conhecer e, após
deixá-la em casa, foi abordado por bandidos... seu corpo foi
encontrado com diversas perfurações por tiros nas pernas e na
cabeça no sábado (08/09), às 10h, na mala de seu carro, um Fox
preto, abandonado na madrugada, na rua Professor Samuel de Souza
Maciel, próximo ao número 35, na Vila Emil, Mesquita, ao lado da
sede de um batalhão de polícia. Um adolescente de 16 anos chegou a
confessar a autoria do disparo que matou o cadete em setembro de
2012.
DADOS
PROCESSUAIS
Processo
n. 0102745-22.2012.8.19.0038
Das
investigações, resultaram a expedição de cinco mandados de
prisão, em 14 de setembro, para Remilton Moura da Silva Junior
(Juninho Cagão), Marcus Vinicius Madureira da Silva (Ratinho), Jonas
Santos Pereira (Jonas Pintado ou Velho), Fernando Domingos Pereira
Simão (Sheik ou Fernandinho) e Luiz Alberto Ferreira de Oliveira
(Beto Gordo) – link: http://sdrv.ms/17oc2ru.
No
dia 05 de janeiro de 2013, Remilton foi encontrado morto nas
imediações da favela do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte
do RJ... era apontado como o mandante dos assassinatos ocorridos na
Chatuba.
Em
25 de setembro de 2012, foi decretada a prisão temporária de
Eduardo de Souza Silva Júnior (Dudu), Danilo Machado Valverde,
Daniel Dias Cerqueira dos Santos, Renato José dos Santos (Sabadão)
e Abner José Moura de Oliveira (Ratinho)...
A
denúncia recebida em 31 de outubro de 2012 com a decretação da
prisão preventiva de Remilton, Abner, Bruno (Neguinho da CDD),
Eduardo, Danilo, Felipe Barbosa, Werly Angelo, Daniel Dias (PQD),
Cristiano (DJ), Renato José dos Santos, Fernando (Sheik), Jonas
Santos, Luiz Alberto e Marcus Vinícius – link:
http://sdrv.ms/1hWLEMm.
O
pleito da defesa requerendo a revogação da prisão preventiva dos
acusados, em 28 de novembro de 2012, foi indeferido pelo juízo –
link: http://sdrv.ms/1cGezgF.
Marcada
a Audiência de Instrução e Julgamento para o dia 22 de julho de
2013, foi determinada nesta data o desmembramento do feito em relação
ao réu Abner, pois este se encontra foragido – link:
http://sdrv.ms/1hWOQHL.
No
dia 09 de setembro houve adiamento da audiência para o dia 21 de
outubro de 2013, pois, o juiz que entrou em exercício na referida
vara onde corre o feito presidiria o julgamento do Caso Juan.
Em
12 de setembro de 2013 foi revogada a prisão preventiva de Marcus
Vinícius Madureira Silva... o juízo não evidenciou, mediante as
provas acostadas aos autos pela defesa, o fumus comissi delicti e o
periculum libertatis em relação a este acusado.
Na
audiência realizado no dia 21 de outubro, entre outros atos, foi
determinada a condução do réu Felipe para outra unidade prisional
diversa da mesma em que se encontram os demais acusados e, na nova
unidade, que seja colocado no “seguro”...
No
dia 11 de novembro de 2013 foi decretada a extinção da punibilidade
de Remilton por seu falecimento; foi determinado ao SEAP que
retirasse o réu Felipe da situação de castigo em que se encontra
no presídio e colocado em local seguro, pois, “o mesmo não pode
ser punido por prestar auxílio à justiça”. A defesa ainda
requereu o desmembramento do feito em relação ao réu Danilo, entre
outros requerimentos – link: http://sdrv.ms/187AIaG.
Até
o momento, são os atos realizados no processo...
Na
madrugada do dia 7 de maio de 2009 os jovens Gilmar Rafael Yared (26)
e Carlos Murilo de Almeida (20) retornavam de um shopping em um Honda
Fit branco... em outro veículo, trafegava o então deputado estadual
Fernando Ribas Carli Filho (26), filho do então prefeito de
Guarapuava, que acabara de sair de um restaurante dirigindo um Passat
SW preto, alcoolizado. Detalhe: sua carteira de habilitação estava
SUSPENSA, com 24 multas por excesso de velocidade – 5 dessas
cometidas na rua onde ocorreu o fato que aqui relatamos, onde a
velocidade máxima é de 60 km por hora.
O
Honda Fit branco vinha pela rua Paulo Gorski, freou (estava com
velocidade menor que 40 km, comprovado pelas câmeras de segurança
de um posto de gasolina que fica na referida esquina) e entrou
devagar na rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi quando o Passat preto do
deputado decolou – devido o declive que existe nesta rua – e, ao
colidir com o primeiro carro, capotou... ao passar sobre o Honda
branco, arrancou seu teto e matou os dois rapazes na hora,
decapitando um deles.
O
deputado foi encaminhado em estado grave pelo Siate ao Hospital
Evangélico...
A
família de Gilmar contratou uma perícia particular (veja o vídeo
nos comentários) e iniciou uma campanha intitulada “190 km/h é
crime! Justiça já!”. Link: http://youtu.be/wEeJGraP2Ns
No
dia 18 de maio de 2009 divulgaram o exame de dosagem alcoólica do
deputado: 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue... em um
jantar com amigos momentos antes do fato, consumiu 4 (quatro)
garrafas de vinho – comprovado por uma nota fiscal no valor de R$
705,00; as câmeras do restaurante mostram Carli circulando pelo
mesmo com taças de vinho na mão e, ainda, o segurança do
restaurante tentou impedi-lo de dirigir “naquele estado”, o que
não conseguiu...
Em
29 de maio de 2009 o deputado renunciou ao seu mandato devido a
pressão popular (milhares de e-mails foram enviados aos outros
deputados)... leiam sua carta de renúncia, registrada no 26º
Tabelionato de Notas, em São Paulo, e entregue ao presidente da
Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM):
“Senhor
deputado Nelson Justus, digníssimo presidente da Assembleia
Legislativa do Paraná e Colenda Assembleia Legislativa, renuncio
perante Vossa Excelência ao mandato que o povo paranaense me
outorgou nas eleições de 2006 e nas quais tive a honrosa escolha de
ser o parlamentar mais jovem da atual legislatura. O destino que me
proporcionou essa honra e essa alegria, reservo-me
a trágica surpresa de me envolver, sem minha vontade direta ou
indireta, no acidente que causou a morte de pessoas, jovens como eu.
Ao mesmo tempo em que deploro a fatalidade dessas perdas humanas,
transmito a todos os seus familiares e amigos meu sentimento de
solidariedade espiritual. Aguardo
o meu processo e julgamento sem prerrogativas funcionais ou
privilégios de qualquer ordem para receber, como cidadão comum, a
sentença que as circunstâncias do fato e a sensibilidade da Justiça
determinarem. Aos meus pares da Assembleia Legislativa devo
poupar-lhes a dolorosa missão de julgar um
acusado que ainda não foi ouvido mas que está sofrendo, em sua
grande intensidade, uma condenação antecipada como resposta e
punição para a tragédia a que fui arrastado. Aos
meus eleitores e a todos os demais cidadãos paranaenses pretendo,
mesmo sem o mandato para representá-los, atender compromissos
sociais e humanos que possam ser viabilizadas com o meu esforço
pessoal. Finalmente, aos meus pais e demais pessoas queridas ao
convívio familiar, devo dizer-lhes que jamais passou pela minha
mente a ideia de praticar qualquer violência e muito menos de causar
o infortúnio que estão sofrendo a meu lado. Desejo, na medida de
minhas forças, ações e esperanças, continuar a merecer o carinho
e a confiança que nunca me faltaram.”
Em
18 de janeiro de 2011 decidiram que Carli seria julgado pelo Tribunal
do Júri, processado por duplo homicídio com dolo eventual...
marcado este para o dia 26 de março de 2013, na 2ª Vara do Júri de
Curitiba, foi adiado devido a interposição de recursos interpostos
tanto pela defesa quanto pela acusação (veja os seguintes links –
HC 271.250/PR http://sdrv.ms/1cduHpL
– REsp 1.340.685 http://sdrv.ms/1cduLWt).
Isso
porque, na época, o sangue de Carli foi retirado para análise
quando este ainda estava internado e inconsciente, ou seja, sem
autorização do réu, o que a defesa entendia como prova ilícita.
Agora, só nos resta esperar...
Fonte:
Não foi acidente.org
Giorgio
Renan por Justiça.org (é possível ver fotos do acidente)